Sunday 18 December 2011 0 comments

Sobre o valor da derrota

Definitivamente não estamos acostumados com a perda. Desde pequenos, somos instruídos a ganhar, a conquistar, a superar as dificuldades e nossas limitações para “conquistarmos nossos sonhos”.

Mas, se pudéssemos parar um pouco o tempo, veríamos que a vida é um misto de perdas e ganhos. E as perdas em si são, na verdade, lições que devemos registrar em nossas memórias.

Sucintamente, poderia falar de perdas aparentemente banais que modificam para sempre nossas vidas (em maior ou menor grau), como perder o horário do ônibus, as chaves de casa, o emprego, o prazo para pagamento de uma conta, o horário de colocar o lixo na rua, a carteira com todos os documentos e o dinheiro para as despesas do mês, a confiança no time que acaba de perder a decisão de um campeonato.

Poderia falar também de perdas imensuráveis, como aquele amigo ou familiar que partiu sem que tivéssemos tempo de lhe dizer o quanto ele era importante, o quanto ele era imprescindível. Ou a perda precoce da infância, quando deixamos de nos encantar com a maravilha que é o mundo e suas múltiplas possibilidades. Também poderia falar sobre a perda da dignidade quando deixamos de tornar real o que falamos.

Perder dói. Dói na alma. Dói fundo. Mas a dor transforma-se em martírio quando não se pode ou não se quer erguer a cabeça para seguir em frente. Eis a pior de todas as perdas: a perda da esperança. Quando o ser humano deixa de acreditar que existe esperança e de que tudo pode ser diferente, de que tudo pode ser mudado, ele perde sua essência, perde sua identidade, perde a si mesmo. Eis a pior de todas as perdas.

Superar as perdas, evidentemente, não é uma tarefa fácil. Mas é preciso reerguer-se, reestruturar-se, refazer-se da derrota. O primeiro passo, sem dúvida alguma, é valorizar cada momento, cada instante, e torná-lo único, pois a vida é a soma desses pequenos fragmentos. A vida pede pressa, mas é preciso ter calma para não despejar um caminhão de ofensas ou de agressões gratuitas fomentadas pelo fracasso ou pelo ódio. Não rogar pragas ou buscar culpados. Não se fazer de vítima diante das circunstâncias.

Perder dói. Dói demais na alma. Dói mais ainda porque durante a travessia, a pressa do tempo embaralha tudo: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, inibe e estimula. Mas a vida é assim, dizia o mestre. O que ela quer da gente é coragem. E mostrar que, apesar de tudo e de todas as coisas, ainda somos iguais, ainda somos humanos.

Perder é a arte de reaprender a ser humano, a corrigir as imperfeições e retomar o curso da vida. Ou não.

Perder é a arte de reencontrar-se consigo mesmo e com Deus.

Uma história de fadas

  Era uma vez o País das Fadas. Ninguém sabia direito onde ficava, e muita gente (a maioria) até duvidava que ficasse em algum lugar. Mesmo ...

 
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